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Face às incertezas sobre o futuro da escola importa hoje mais do que nunca refletir sobre o ensino.

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Embora atualmente falemos em Ensino à Distância, e na importância que este possa vir a ter no futuro importa referir que o ensino com recurso ao computador remonta ao inicio da era tecnológica. Inicialmente os computadores foram usados como um instrumento suplementar de ensino, quase que assumindo o papel de explicador particular, auxiliando os alunos a melhorar as suas competências e a aumentar a compreensão dos conteúdos curriculares.


Infelizmente percebemos agora que o que foi feito em Portugal esteve longe de alcançar esses objetivos. Contrariamente ao que seria esperado criaram-se mais desigualdades entre alunos e acima de tudo constatou-se que muitos conceitos ficaram por ensinar, portanto não adquiridos pelos alunos.


O que existia no passado não era tanto o ensino à distância, que ao que parece não existiu na sua plenitude, mas antes um programa de software concebido para promover o exercício e a prática. Mais tarde surgiu o software tutorial, que conduzia os alunos através de uma unidade temática.


Surgiram depois softwares interativos que obrigavam o aluno a responder, a fazer escolhas, a participar, muito à semelhança da Escola Virtual.


Nestes tempos excecionais, a solução encontrada para minimizar os impactos na educação dos nossos alunos, foi o Estudo em Casa, que caso à posteriori fosse explorado pelos professores até poderia ter tido algum resultado, mas a forma como se apresentou transformou o aluno num mero recipiente passivo de informação.


No entanto perante qualquer um destes métodos de ensino importa sempre perceber quais os impactos afetivo-emocionais nos alunos. Um estudo de Gerald Bracey mostrou que, contrariamente ao que se poderia pensar, desde o jardim de infância até ao secundário os alunos mostram atitudes positivas face ao computador. Os alunos revelaram que gostam de trabalhar ao seu próprio ritmo e estão mais dispostos a tentar e a arriscar.


Perante estes factos o computador assumiu-se como um bem essencial na sala de aula, tende a promover o sucesso, a motivação e um espírito de cooperação, o que trará certamente bons resultados. Aliás hoje uma das maiores queixas dos professores é a de que os alunos não estão atentos nem motivados, pelo que possibilitar ao aluno um papel ativo no contexto de sala de aula poderia minimizar esta situação.


Contudo estudos de Colle e Griffin referiram que o uso do computador poderá não ser usado de forma justa e equitativa, facto este que ficou amplamente comprovado após a análises do que se passou em Portugal, pelo que este método de ensino carece ainda de mais estudos para tentar solucionar estas vicissitudes e minimizar os impactos sociais que possa gerar.


Neste método de aprendizagem o papel do professor muda, este deixará de ser o transmissor dos factos, para passar a ser o que tem por função ligá-los a abstrações mais globais. O professor tem por objetivo tornar a lição do computador mais viva e por isso mais eficaz.


Infelizmente não foi este o caminho escolhido por muitos docentes que optaram por repetir os materiais do estudo em casa não fazendo esta ligação a factos concretos que é essencial para criar a ligação ao aluno e fazê-lo sentir que embora distante o professor estava perto.


Para que este método de ensino tenha os resultados pretendidos, não basta equiparmos as escolas com software e computadores, tem acima de tudo, de se fazer um investimento enorme na formação dos professores.


Importa referir que ao contrário do que muitos docentes defendiam, que este seria o primeiro passo para acabar com as avaliações, continuo a defender que as mesmas devem continuar até porque são a única forma de perceber se os conceitos foram ou não adquiridos.


Aliás, a American Psychological Association lançou em 2015, um manual com os 20 princípios mais importantes da psicologia para o ensino e a aprendizagem, e onde é referido que as avaliações formativas e sumativas são igualmente importantes e úteis e ainda, que é essencial que as competências, conhecimentos e capacidades dos alunos sejam medidos através de processos de avaliação baseados na ciência psicológica, com padrões bem definidos de qualidade e justiça.


Perante os factos acima referidos assumo mais uma vez aquilo que acredito que transformaria a escola mais justa e equitativa, a mesma avaliação para todos os alunos a nível nacional, obviamente com as adaptações necessárias para alunos de NEE.


É importante frisar que o ensino assistido por computador é um auxiliar de ensino e não um substituto do ensino. O papel do professor revela-se ainda mais crucial nesta era tecnológica, pois o aluno precisa que alguém explique as relações entre conceitos, pelo que creio que mais importante que termos uma escola tecnológica precisamos primeiramente de ter professores capazes de lidar com essa tecnologia, pois não me adianta ter um Ferrari se não tiver a carta de condução.


A prioridade no próximo ano letivo deverá, no meu entender, ser a formação de professores para que num futuro próximo tenhamos alunos mais motivados e capazes de aprender mais e melhor.

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