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Espelho da Educação dos Pais na Educação dos Filhos

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Atualmente, um dos maiores problemas colocados aos educadores, sejam eles pais, professores ou outros, tem sido o de entender como praticar uma educação democrática com os seus filhos ou alunos.

Todos conhecem o tipo de educação autoritária, em que a criança ou o adolescente tem apenas uma coisa a fazer: cumprir o que lhe é determinado. Neste tipo de educação o mais importante é a criança ou adolescente fazer o que os pais querem que ele faça. Se é bom ou não para ele, se ele consegue ou não entender o que lhe é exigido, se a forma de ele ser tem a ver com o que ele tem que fazer e do modo como tem que fazer, nada disso é considerado. Importa apenas a convicção e a certeza dos pais, ou professores, de que isso é bom para ele.


Mas a realidade é que na tentativa de democratizar esta educação, muitos pais e professores, inverteram os papéis, ou seja passaram a ser os filhos ou os alunos a ditar as regras da sua própria educação. Os pais e educadores parecem estar agora confusos e perdidos nesta troca de papéis e embora preocupados em educar da melhor forma possível, sentem-se inseguros relativamente a qual o caminho a seguir.


A grande dificuldade sentida neste momento pelos pais é a colocação de limites, pois durante algum tempo os mesmos não foram colocados e agora parece ser quase impossível fazer transparecê-los. A mudança sentida nas rotinas diárias que impossibilitam muitos pais de passarem mais tempo com os seus filhos também contribui em muito para esta situação, pois acabam por se sentir culpados, tornando-se vulneráveis, frágeis e mais permissivos na tarefa de educar, não impondo as regras necessárias para que eles se desenvolvam com maturidade.


Demonstram dificuldade em frustá-los com repreensões, imposições ou castigos, com receio de serem considerados “chatos”, acabando por não repreendem suficientemente os filhos. O pior desta dinâmica é que a criança percebe tal fragilidade e abusa, tornando-se cada vez mais exigente.


Neste momento assistimos a muitas crianças e jovens a exigirem excepções que lhes foram dadas em determinados dias, chegando por vezes a enfrentar os pais com arrogância: “Mas ontem deixaste. Porque não deixas hoje? Eu quero!”


Parece até, que nas crianças e jovens dos nossos dias deixou de fazer sentido a frase interrogativa para reinar sobre esta a frase imperativa. Os filhos já não dizem:”Não te importas?” agora mencionam a palavra mágica “Eu quero!”


A birra das crianças é um exemplo clássico de disputa de poder na relação parental. A criança grita e tenta obter o que deseja envergonhando os pais em público, os pais como já vem sido hábito, repreendem uma, duas até três vezes, mas acabam muitas vezes por ceder, primeiro porque é mais fácil mas também por se verem confrontados com uma situação desagradável aos olhos da sociedade, não sabendo como reagir perante tal facto.


Importa que os pais percebam que as crianças e jovens ao conseguirem o que pretendem ficam satisfeitas, mas acima de tudo percebem que os seus pais se submetem, conseguindo obter mais um ponto de vantagem nesta relação.

No entanto esta birra também pode ser entendida como uma chamada de atenção, para o facto de a criança ou adolescente necessitar de “pais fortes”.


O resultado de todas estas situações parece ser o espelho da educação rígida que os pais tiveram, pois estão a oferecer uma educação completamente oposta, baseada numa “falsa democracia”.


Habitualmente ouvimos os pais a referir “Não percebo porque é que ele é assim se tem tudo…” é necessário parar para pensar e refletir se não será esse o concerne do problema. Se já tem tudo porque que é que se irá esforçar para melhorar o seu comportamento. Muitas vezes o que os pais fazem é retirar “os brinquedos” por um ou dois dias, mas esquecem-se que os filhos já perceberam o mecanismo e portanto chega a um ponto que até isso lhes é indiferente. É necessário ir mais além, aplicar com alguma consistência o que está determinado, mesmo que isso tenha implicações nas rotinas diárias dos pais e começar a trabalhar por objectivos com estes, recorrendo à recompensa mas sempre que esta se justificar e não sem motivo aparente.


Afinal se nós recebesse-mos dinheiro para pagar as contas sem trabalhar…será que trabalharíamos???


Este acumular de situações leva a que muitas vezes passem a ser os filhos a ditar as regras, e então não aprendem a obedecer. Nesta falsa democracia, a família torna-se uma anarquia: sofás gastos de tantos pulos, gritos ao invés de conversas, objectos dos pais espalhados pela casa, jogos com bola dentro de casa, etc..

Para educar democraticamente não basta inverter o jogo: é preciso mudar o jogo, e aí reside a dificuldade. Não se trata de quem obedece e de quem manda, mas sim de dirigir um processo em que os pais têm mais experiência do que os filhos, em que os pais têm a responsabilidade, e os filhos precisam de aprender a ter, em que os pais sabem o que os filhos precisam, e os filhos acham que precisam do que lhes dá prazer.


O mais importante é não deixar que a culpa por estarem ausentes faça com que sejam demasiado tolerantes com as atitudes dos filhos, pois a vida certamente não será.




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