Após o surgimento do primeiro caso de Covid-19 em Portugal, que pais e professores demonstraram vontade em terminar com o ensino presencial, e pouco depois a decisão foi tomada. Contudo o ensino não pode ou não deve ser descurado...
Ainda antes da medida ser decretada pelo nosso Governo já muitos pais haviam referido que os seus filhos não iriam mais frequentar a escola e muitos professores manifestavam-se no sentido de interromperem as aulas presenciais...
A medida foi implementada e o caos instalou-se... primeiro a informação de que muitos alunos não tinham computador, outros sem acesso à internet, os pais desnorteados com a gestão de trabalho, filhos, casa e os professores confrontados com uma nova realidade para a qual muitos não estavam preparados.
Percebeu-se que nas duas semanas seguintes o que se passou em muitas escolas públicas foi o envio de resumos e fichas para que os alunos realizassem em casa TPC's. Os conteúdos disponibilizados pela Escola Virtual, que num ato de altruísmo permitiu conteúdos gratuitos para todos, tiveram neste processo um papel fulcral.
Se é certo que muitos se esforçaram e tentaram encontrar um plano para gerir toda a nova realidade, certo é também que muitos nada fizeram argumentando mil e um coisas, muitas vezes sem sentido... na verdade é bem mais fácil manter uma criança a jogar horas a fio do que sentá-la numa mesa a estudar por duas ou três horas e acompanhá-la durante esse tempo, estando disponível para responder às suas dúvidas. Mas não será essa uma das funções dos pais?
Podemos afirmar que muitos pais não têm conhecimentos dos conteúdos escolares, mas o facto é que a escolaridade mínima obrigatória até ao 12º ano existe em Portugal desde 2009, ou seja há 11 anos, pelo que muitos pais deveriam conseguir acompanhar as matérias dos seus filhos, nem que para isso tivessem que estudar. Mas as sucessivas demagogias contra os TPC's culminaram nisto, sem TPC's não há um acompanhamento das matérias em casa.
Muitos pais, têm nos últimos anos deixado de acompanhar as matérias escolares dos seus filhos. As rotinas têm se tornado cada vez mais caóticas e o tempo que os pais passam efetivamente com as crianças é passado não a realizar tarefas que podem ser consideradas "chatas" para muitos mas antes a fazer atividades que conferem de forma rápida e fácil uma recompensa positiva. Os pais não querem depois de um dia intenso de trabalho chegar a casa e continuar a trabalhar mais, mas os estudos sobre a nossa realidade escolar demonstram que a educação das crianças tem ficado descurada.
Tenhamos em atenção que a educação é um processo continuo e todos os agentes educativos, professores, educadores, auxiliares, treinadores e principalmente os pais têm um papel essencial no mesmo. Só com o trabalho em equipa é possível obter uma educação de sucesso.
E aqui chegamos ao ponto central do artigo, a educação pode ser dada à distância, ainda mais quando hoje os alunos, professores e pais têm à distância de um click inúmeros suportes para o ensino. Não podemos por isso assistir ao que se está a passar com muitos alunos que é distanciarem-se da escola.
A desvalorização do ensino até ao 9º ano é algo que me preocupa há muito tempo, pois o esforço e dedicação nestes ciclos parece que não serve para nada, pois para que os alunos prossigam estudos para o ensino superior só as notas do secundário prevalecem!
O que muitos pais e insconscientemente alunos esquecem é que se as aprendizagens não forem efetivadas nestes ciclos dificilmente o aluno irá conseguir fazer o secundário.
Podem sempre optar pela via profissional mas sempre tendo em atenção que à posteriori o acesso ao ensino superior será sempre mais complicado... ainda que consigam com a nova legislação aceder ao ensino superior, as dificuldades que vão encontrar nos politécnicos serão muitas, e relembro que muitas faculdades ficarão de fora deste novo processo. Pelo que todos os ciclos de ensino devem ser encarados como importantes pois serão os responsáveis pelo caminho a escolher no futuro.
É necessário que os pais percebam que lá porque não há exames no nono ano, provas de aferição e até testes, neste período que está prestes a começar é importante não deixarem que a educação dos filhos desça a pique como esperemos que aconteça com a curva desta pandemia.
Os alunos estão sem aulas desde março e ficarão sem estas até no mínimo setembro, ou seja durante 6 meses, é necessário consolidar as aprendizagens para que no regresso à escola não sejam confrontados com muitas dificuldades ao nível das aprendizagens.
Nunca se esqueçam que são as crianças e jovens de hoje que terão de cuidar de nós no futuro e que mais do que nunca precisamos de investir em educação para que no futuro possamos ter profissionais capazes de enfrentar problemas como aquele com que nos deparamos hoje.
Não distanciemos a escola dos nossos alunos pois essa distância irá provocar um afastamento sem possibilidade de aproximação.
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