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Sharenting um fenómeno em ascensão em Portugal

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Aproxima-se o dia mundial da criança e infelizmente nos últimos tempos tenho verificado que cada vez mais pais partilham nas redes sociais o dia a dia dos seus filhos, inclusive desde o nascimento.


Nesta partilha inconsciente ou não, os pais podem expor indevidamente informações pessoais dos filhos e colocá-los numa situação de vulnerabilidade. Embora ainda não se fale muito em Portugal, este comportamento já é tido em atenção em muitos países e já foi denominado por sharenting – termo em inglês que combina as palavras “share” e “parenting”, é uma tendência crescente, mas que pode ter consequências a longo prazo na vida das crianças.


As crianças e os adolescentes não devem ter vida pública nas redes sociais pois não sabemos quem está do outro lado. O conteúdo compartilhado publicamente por falta de critérios de segurança e privacidade pode ser distorcido e adulterado por predadores em crimes de violência e abusos nas redes internacionais de pedofilia ou pornografia, por exemplo.


Além dos perigos acima mencionados, a exposição exagerada de informações sobre as crianças representa uma ameaça à sua intimidade e vida privada.


É conveniente os pais estarem conscientes de que todos os conteúdos publicados na internet geram dados que, no futuro, podem ser desaprovados pelos filhos, por entenderem que a sua vida privada foi exposta indevidamente durante a infância.


Inclusivamente em Portugal começam já a surgir estudos sobre se legalmente os pais gozam de liberdade para dispor dos direitos de outrem, pois infelizmente os perigos do sharenting são subestimados pelos progenitores.


No estrangeiro assiste-se já a muitas crianças que se tornaram “influencers” com status de celebridade, devido à influência de familiares. Estas crianças constroem uma vida falsa, de imagens e não uma vida de experiências reais. E os pais estão a colaborar para a construção de uma personalidade moldada para agradar a imagem que fazem da pessoa, ou seja, de um falso self. A criança começa a passar por esta situação desde pequena. Mas muitas vezes, por trás desse perfil falso pode existir um grande vazio.


Ainda recentemente pudemos constatar que duas influencers , que participaram num reality show confirmaram terem tido problemas psicológicos que poderão ser consequência da sua exposição.


Outro tipo de partilhas podem ainda comprometer a segurança de outras crianças, pois infelizmente há bem pouco tempo uma fotografia partilhada por uma das maiores influencers do mundo mostrava no berço do seu bebé tudo o que não devia estar, uma fralda, um cobertor solto, um peluche... enfim os seus seguidores vão achar que se fizerem o mesmo não há problema mas na verdade essa situação representa um perigo enorme de sufocamento para o bebé e nem todos têm amas a cuidar dos filhos 24h por dia.


Em certos países começa-se já a delinear legislação para travar este tipo de exposição, pois esta muitas vezes engloba interesses económicos e por vezes narcisismo patológico, ou seja, os pais realizam os seus sonhos frustrados de sucesso, de projeção e de fama através dos filhos.


Estes comportamentos acarretam riscos para os filhos desde o roubo de identidade, cyberbullying, uso indevido de imagens e vídeos por pedófilos, fins comerciais a outras ameaças à sua segurança.


Desta forma, a privacidade online é uma garantia de que as futuras gerações possam entrar na sua maturidade livres para construir por elas mesmas as suas identidades digitais.


Como a partilha de de imagens e vídeos é um hábito relativamente novo, as repercussões na vida das crianças ainda não são conhecidas, e esta é a parte mais preocupante da exposição excessiva.


Os pais que optam por não compartilhar conteúdo dos seus filhos na internet estão a preservar a sua saúde mental.


Os pais e também outros familiares precisam de estar cientes das possíveis consequências indesejadas para a saúde das crianças.


Não é inofensivo compartilhar conteúdo online, mas os pais que desejam partilhar as fotos e vídeos dos seus filhos online podem proteger-se para garantir que o conteúdo não venha a ser usado para fins maliciosos.


Pelo facto de ser um fenómeno novo ainda não há estudos concretos sobre possíveis consequências destas partilhas mas já se sabe que a mesma poderá contribuir para:

- Perda de privacidade - Problemas de saúde mental (ansiedade, depressão) - Transtornos alimentares (anorexia, bulimia) - Bullying e cyberbullying - Possibilidade de roubo e fraude de identidade - Riscos das imagens e vídeos serem mal utilizados e alterados por pedófilos


Caso os pais optem por partilhar conteúdos devem ter atenção para não compartilharem:

- Dados de localização - Nome completo da criança - Imagens dos filhos não totalmente vestidos - Data de nascimento da criança - Fotos e vídeos ou detalhes sobre outras crianças - Informações sobre a escola que frequenta ou algo que indiretamente possa denunciar a criança, como a imagem dela com uniforme escolar



Todos somos livres de partilhar o que quisermos, mas os pais devem ter consciência de que os seus filhos, principalmente bebés, não autorizaram aquelas partilhas e mesmo quando maiores ainda não têm consciência das implicações sociais que aquelas imagens ou vídeos possam vir a ter na sua vida, pelo que os pais devem pensar sempre antes de publicar pois podem estar a comprometer o futuro dos seus filhos.

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